PÓS TRANSPLANTE

O PÓS-TRANSPLANTE

 

Após o termino da cirurgia o paciente é encaminhado imediatamente a Unidade Terapia Intensiva.  O tempo médio de permanência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é de três a dez dias, dependendo da evolução do quadro clínico do paciente. É na UTI que o receptor será constantemente monitorado (pressão arterial, balanço de líquidos, batimentos cardíacos, respiração, entre outros.) e assistido pela equipe médica.

Na UTI são realizados exames diários de sangue, raios X, ultra-som e outros quando necessário. Após o transplante o paciente estará com uma incisão cirúrgica abdominal, entubado por algumas horas, com punção venosa central e periférica, dreno abdominal, sonda nasoenteral para alimentação e sonda vesical. Todos esses cateteres e sondas serão retirados conforme a evolução clínica, assim que possível.

Durante a internação o paciente receberá  soroterapia, antibióticos, medicação para dor e náuseas/vomitos e iniciará as medicações para evitar rejeição (imunossupressores). Podem ser necessárias outras medicações, como por exemplo, anti-hipertensivos e insulina para correção da pressão arterial e glicose. Transfusão de sangue também pode ser necessária no pós-operatório.

 

 

Normas para visitas na UTI

Horários de visitas:

  • De segunda a sexta feira: das 11:00 às 11:30h; das 15:30 às 17:00h (boletim médico às 15:30h) e 20:30 às 21:00.
  • Sábados, domingos e feriados: das 11:00 às 11:30h; das 15:30 às 17:00h (boletim médico às 15:30h) e 20:30 às 21:00.

 

Observação: As visitas deverão ser restritas para se prevenir infecção no paciente.

 

Alta da UTI: Após a estabilização do quadro clínico o paciente é transferido para um quarto em uma unidade de internação onde permanecerá sendo acompanhado pela equipe de transplante e da equipe do local e deverá permanecer com um familiar, de preferência aquele que recebeu todas as orientações.

 

Unidade de Internação

Após a alta da UTI o paciente ficará na unidade de internação cirúrgica em um quarto exclusivo para o paciente. Neste ambiente é indicado que fique um familiar junto ao paciente durante todo o período. A média de permanência pode ser de 15 dias ou mais dependendo da evolução clinica do paciente, podendo chegar a 60 dias ou mais. Na unidade de internação a avaliação da equipe interdisciplinar e os exames continuam sendo realizados diariamente.

 

O papel do acompanhante: O acompanhante receberá alimentação no quarto e sua permanência será junto ao paciente no quarto, o mesmo não poderá circular pelos corredores. O papel do acompanhante será de auxiliar o paciente na alimentação, higiene oral e apoio emocional. Todos os outros cuidados deverão ser realizados pela equipe de saúde.

 

O cuidador deve:

  • Estar presente à alta hospitalar. O enfermeiro do transplante providenciará educação a você e a seu cuidador neste momento.
  • Ficar como acompanhante 24 horas por dia, sete dias por semana por, no mínimo, 4 a 6 semanas após a cirurgia. Se você mora a mais de 60 km do Hospital, deve permanecer em Florianópolis por 60 dias após o transplante.
  • Transportá-lo ao hospital para as consultas e conforme necessidade.
  • Executar tarefas gerais como comprar comida, pegar remédios na farmácia, lavanderia, enfim, tudo que possa ser necessário.
  • Certificar-se de que você está tomando todos seus medicamentos, incluindo aplicações de insulina se necessárias.
  • Checar e anotar sua pressão arterial, níveis de glicose, temperatura e peso diariamente.
  • Ajudar no preparo da comida, banho e cuidados com a ferida.
  • Estimulá-lo a tomar bastante líquido e alimentar-se de forma saudável.
  • Estimulá-lo e auxiliá-lo na prática de atividades físicas.
  • Avisar o Serviço de Transplantes em caso de emergências.

 

COMPLICAÇÕES

As complicações após o transplante hepático são inúmeras e podem se apresentar das seguintes formas:

– agudas ou crônicas;

– auto-limitadas e leves, que melhoram espontaneamente ou com tratamento; moderadas, que necessitam de tratamento clínico ou cirúrgico; e graves, que podem até mesmo levar à óbito;

– precoces, ocorrendo logo após o transplante, ou tardias, ocorrendo meses ou até mesmo anos após o transplante.

As complicações podem ser decorrentes do próprio transplante, mas também podem ser provenientes das medicações imunossupressoras e decorrentes de doenças preexistentes. Ainda, é importante frisar que algumas doenças de base do fígado, que levaram ao transplante, podem recidivar após o transplante, como hepatites virais, doenças autoimunes, doença gordurosa não alcoólica e tumor de fígado.

 

As complicações mais comuns são: sangramento, rejeição, infecção, hepatite no fígado novo e dificuldade de drenagem de bile. As menos comuns e mais graves: o não funcionamento do novo fígado e a trombose da artéria hepática, que podem necessitar urgente de novo transplante. Qualquer interrupção no tratamento imunossupressor, mesmo meses ou anos após o transplante, desencadeará uma rejeição aguda, com risco de vida.

 

Podem ocorrer as seguintes complicações:

 

  • Não funcionamento primário do enxerto que decorre de condições ligadas ao fígado do doador ou da conservação do enxerto. O retransplante é indicado como tratamento devido ao alto risco de mortalidade;
  • Obstrução/trombose das artérias/veias hepáticas inclusive com necessidade de re-transplante;
  • Rejeição aguda ou crônica do enxerto;
  • Hemorragia pós-operatória, podendo necessitar de transfusão sanguínea;
  • Edema (inchaço dos órgãos abdominais) que impede o fechamento do abdomen durante o transplante. Nesse caso ocorre uma tentativa de fechamento do abdomen nos primeiros dias de pós-operatóro;
  • Novas intervenções cirúrgicas (controle de sangramento, drenagem, sutura da parede abdominal);
  • Complicações vasculares: sangramentos ou tromboses;
  • Complicações biliares: estenoses, fístulas, coleções e infecções, que podem necessitar de colocação de dreno por período prolongado ou colocação de prótese em via biliar;
  • Infecções bacterianas, virais e fúngicas que necessitarão de internação prolongada;
  • Complicações metabólicas: diabetes, dislipidemia, osteoporose e distúrbios hidro-eletrolíticos;
  • Complicações renais: insuficiência renal aguda ou crônica, por vezes, necessitando de diálise;
  • Complicações cardíacas: hipertensão arterial, arritmias e infarto agudo do miocárdio;
  • Complicações pulmonares: derrame pleural e pneumonia;
  • Complicações neuropsiquiátricas: insônia, dor de cabeça, tremores, depressão, ansiedade, psicose, delirium, alterações da visão, da fala e dos movimentos, convulsões, meningite e encefalites infecciosas, encefaloaptia posterior reversível (PRES), AVC isquêmico e hemorragias intra-cranianas;
  • Complicações neoplásicas: recidiva do tumor de fígado ou colangiocarcinoma, ou meáastases dos mesmos, bem como neoplasias em outros órgãos sólidos (cólon, pele, pulmão e mama) e neoplasias hematológicas (linfomas).

 

A ALTA HOSPITALAR

Durante sua permanência na unidade de internação o paciente receberá orientações técnicas sobre os procedimentos após a alta hospitalar. Ao sair de alta o paciente recebe as receitas, a carteira de acompanhamento interdisciplinar e a planilha de controle dos dados de saúde.

A principal preocupação da equipe médica é com o funcionamento do fígado, rejeição e as possíveis infecções. Para isso, são feitos exames clínicos e laboratoriais com testes de função hepática, exames hematológicos, exames bacteriológicos, acompanhamento das concentrações sanguíneas dos imunossupressores (dependo do medicamento), além de exames de imagem abdominal e, quando preciso, biópsia hepática.